Na segunda reportagem da série Violência Policial no Brasil, você vai ver que a maioria das vítimas das operações policiais no país é de pessoas negras. Um levantamento da Rede de Observatórios da Segurança revela que em média uma pessoa negra é morta pela polícia a cada quatro horas, levando em conta dados de oito estados do país.
O relatório "Pele alvo: a bala não erra o negro" apurou informações em Pernambuco, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Piauí, Rio e São Paulo. De 3.171 registros de morte no país, com informação de cor e raça declaradas, os negros somaram 87% dos casos.
A Bahia é hoje o estado entre os pesquisados com mais mortes em ações policiais, com 1.465 vítimas, superando o Rio de Janeiro. Segundo o relatório, a polícia do Rio matou 1.330 pessoas em 2022, sendo 1.042 vítimas negras. Já no estado de São Paulo, o estudo mostrou que morre uma pessoa em confronto com a polícia a cada 23 horas, sendo que 64% dos casos são vítimas negras.
Para pesquisadores que trabalham com questões relacionadas com a violência não restam dúvidas. Ser negro é um fator de risco em várias capitais brasileiras, onde as principais vítimas da polícia são jovens pretos e pardos
O que dizem as secretarias dos estados
Em nota, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar do Rio informou que a questão racial é discutida em disciplinas de direitos humanos, ética e direito constitucional em cursos de formação e aperfeiçoamento dos profissionais. E que a letalidade policial no estado tem diminuído, segundo dados oficiais.
Já a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo disse que as polícias do estado fazem abordagens que obedecem parâmetros e procedimentos técnicos, respeitando a lei. Destacou que houve redução de 48% no número de mortes em intervenções policiais desde 2019, e que o estado investe em treinamento e políticas públicas para redução das mortes.
A Secretaria da Segurança Pública da Bahia informou que ações policiais que fogem da legalidade são apuradas rigorosamente, e as medidas legais são adotadas. Disse ainda que investe na capacitação dos profissionais e novas tecnologias, e que criou um grupo de trabalho para discussão e criação de políticas públicas para redução da letalidade policial.
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