Nem todos sabem, mas o contexto que marca o começo da guerra pela independência brasileira, que completa 201 anos em 2023, foi uma reação à Revolução do Porto, em Portugal. “O Brasil não era mais colônia, fazia parte do Reino Unido a Portugal e Algarves. E justamente por isso, havia, através da Revolução do Porto, que começa em 1820, uma tentativa de recolonização”, explica a historiadora Eliane Costa.
Por todo país, voluntários eram convocados para engrossar as fileiras combatentes. Movimento natural em períodos de conflitos. A diferença estava na Bahia. Em Feira de Santana, que naquela época fazia parte de Cachoeira, uma voluntária se alistou. Maria Quitéria de Jesus desafiou as ordens do pai, assumiu a alcunha de “soldado Medeiros” e lutou contra os portugueses.
“Já fazia algumas semanas que ela tinha saído de casa. O pai, muito preocupado, resolveu procurá-la em acampamentos militares. Ele chegou no acampamento em que ela estava, reconheceu a filha e foi falar com o comandante dela. E o próprio comandante se surpreendeu: um dos melhores soldados dele era uma mulher”, conta o major do Exército Tiago Marques.
Resultado: ela permaneceu no batalhão e na linha de frente da tropa. Só duas mudanças foram sentidas. A primeira é a identidade, que não precisava mais ser escondida, e a segunda é que foi preciso fazer adaptações no uniforme da combatente.
Mais de 200 anos depois, a jornalista Renata Maia, da TV Feira, afiliada da TV Brasil, reconta essa história ainda pouco conhecida. A equipe esteve no local em que Maria Quitéria foi batizada, pesquisou arquivos sobre as lutas pela independência e conversou com especialistas que ressaltam o papel da heroína.
“A figura de Maria Quitéria na escola é importante porque, muitas vezes, as meninas ainda têm uma imagem do guerreiro muito masculino. Então, retomar a história de Maria Quitéria nos dias de hoje é importante para que as alunas possam se entender enquanto donas de si e do seu próprio caminho", afirma a historiadora Lucymara Carvalho.
“Se ela, no século 19, contra tudo e todos, abandonando a família e o noivo, vai brigar por um propósito, qual é o seu propósito?”, questiona o historiador Bruno Calhau.
O episódio Maria Quitéria, heroína brasileira vai ao ar neste domingo (3) às 22h, na TV Brasil.
Ficha técnica
Reportagem: Renata Maia
Reportagem cinematográfica: Arivaldo Publio, Carlos Gomes, Paulo Amaral e Reginaldo Cavalcante
Produção: Liliane Santos, Louise Farias e Rose Amorim
Edição de texto: Renata Maia e Jeferson Almeida
Edição de imagem e finalização: James Araujo, Joilson Lima e Rivaldo Martins
Arte: Lívia Suzarte
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