Eram pouco mais de 8h30 do dia 1º de fevereiro de 1974, uma sexta-feira cinzenta em São Paulo, quando um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado do Edifício Joelma, no centro da capital, deu início àquela que foi, por décadas, a maior tragédia da cidade.
As chamas avançaram rapidamente por carpetes, forros de espuma e divisórias de madeira do 12º andar. Quando o fogo chegou às escadas, não encontrou barreiras: em poucos minutos bloqueou a única saída e começou a se espalhar prédio acima, atingindo o 23º andar em cerca de meia hora. Cerca de 750 pessoas estavam no prédio. Mais de 300 ficaram feridas, e pelo menos 181 morreram.
Hiroshi Shimuta e Mauro Ligere eram colegas de trabalho na época, e foram resgatados do 22º andar, depois de se abrigarem das chamas e da fumaça por mais de cinco horas num beiral de janela. O espaço minúsculo foi dividido com outros cinco colegas.
“O cenário era simplesmente dramático, com aquele fogo subindo e as pessoas se jogando”, diz Shimuta, relembrando a espera pelo socorro: “Nós nos seguramos na estrutura de alumínio (da janela), e nos seguramos uns nas cintas dos outros, formando uma corrente ali. Se alguém tentasse pular, os outros não deixariam”.
Ligere recorda: “O sujeito que estava em cima de mim estava se queimando. Ele se segurava no meu ombro e eu via os ossos dos dedos da mão dele. Estava em bolhas”.
Simão, Boanerges, Franclin e Roberto são bombeiros e participaram do resgate. Simão foi quem resgatou Mauro, depois de subir, andar por andar, pela fachada do Joelma, com a ajuda de uma escada de mão.
A tragédia provocou mudanças na legislação e na fiscalização dos prédios. Portas corta-fogo passaram a fazer parte das exigências para novos projetos, e fizeram arquitetos e engenheiros se atentarem, também, para aspectos da segurança.
Também é difícil falar do que o incêndio do Joelma representa para a cidade de São Paulo sem citar as histórias de ordem espiritual ou de fatos sobrenaturais. As “treze almas do Joelma” são a história mais conhecida: 13 dos mortos até hoje não foram identificados, estão sepultadas lado a lado no cemitério de Vila Alpina, na zona leste de São Paulo. O local ainda hoje recebe pessoas em busca de graças dessas vítimas anônimas.
O programa também traz entrevistas com o repórter Milton Parron, principal nome da cobertura jornalística do incêndio, e com o jornalista Adriano Dolph, autor do livro “Fevereiro em chamas”, sobre os mais famosos incêndios paulistanos.
O Caminhos da Reportagem que a TV Brasil exibe neste domingo, 4 de fevereiro, às 22h, é dedicado às vítimas da tragédia do Joelma.
Ficha técnica
Reportagem: Thiago Padovan
Produção: Elaine Cruz, Maura Martins e Thiago Padovan
Apoio à produção: Acácio Barros e Lucas Cruz
Reportagem cinematográfica: Décio Ciappini Jr., Gilmar Vaz, Jefferson Pastori, JM Barboza, Raul Cordeiro e William Sales
Auxílio técnico: Eduardo Domingues, Ivan Meira, Rafael Carvalho e Wladimir Ortega
Edição de texto: Leonardo Zanon Catto
Edição e finalização de imagem: Maikon Matuyama
Tema musical do programa: Ricardo Vilas
Sobre o programa
Produção jornalística semanal da TV Brasil, o Caminhos da Reportagem leva o telespectador para uma viagem pelo país e pelo mundo atrás de grandes histórias, com uma visão diferente, instigante e complexa de cada um dos assuntos escolhidos.
No ar há mais de uma década, o Caminhos da Reportagem é uma das atrações jornalísticas mais premiadas não só do canal, como também da televisão brasileira. Para contar grandes histórias, os profissionais investigam assuntos variados e revelam os aspectos mais relevantes de cada pauta.
Saúde, economia, comportamento, educação, meio ambiente, segurança, prestação de serviços, cultura e outros tantos temas são abordados de maneira única, levando conteúdo de interesse para a sociedade pela telinha da emissora pública.
Questões atuais e polêmicas são tratadas com profundidade e seriedade pela equipe de profissionais do canal. O trabalho minucioso e bem executado é reconhecido com diversas premiações relevantes no meio jornalístico.
Exibido aos domingos, às 22h, o Caminhos da Reportagem disponibiliza as matérias especiais no site http://tvbrasil.ebc.com.br/caminhosdareportagem e no YouTube da emissora pública em https://www.youtube.com/tvbrasil. As edições anteriores também estão no aplicativo TV Brasil Play, disponível nas versões Android e iOS, e no site https://tvbrasilplay.com.br/.
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