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A culpa é do árbitro?

O comentário feito num programa vespertino de rádio no último domingo, com críticas à arbitragem brasileira, me fez pensar. Disse o comentarista que a culpa de tudo é que "a arbitragem não evoluiu". E é verdade, só que ninguém atentou para uma questão: a arbitragem, desde os primórdios do futebol, continua a ser uma responsabilidade exclusivamente humana. E tudo em volta dela se vale de recursos eletrônicos, inclusive, e principalmente, a cobrança e os ditos comentaristas. Se não colocarmos a paixão à frente, temos de reconhecer que é uma covardia.

O futebol se profissionalizou e poucos são os árbitros que vivem desse trabalho, se é que algum tem dedicação exclusiva ao futebol. Ao mesmo tempo, a formação do cidadão, em todas as esferas, já não é a mesma de anos atrás; a educação que se dá nas escolas não prepara devidamente, não oferece os ensinamentos necessários, não forma. Até quem chega à universidade comete erros gritantes, imagine quem não tem o chamado nível superior. As súmulas mal redigidas estão aí para provar que não é exagerado este raciocínio.

Não estou dizendo que o árbitro é de nível inferior a qualquer outro envolvido com o futebol. Mas a cobrança feita sobre ele está sendo cada vez maior e ele, sozinho, tem de decidir num piscar de olhos coisas que os recursos eletrônicos depois denunciam com facilidade. A mesma facilidade da qual se valem os comentaristas para criticar, os dirigentes para reclamar, os torcedores para xingar e os tribunais para punir.

E também não estou aqui eximindo de culpa os árbitros pelos muitos erros apresentados nos jogos e que, realmente, estão interferindo na classificação do Campeonato Brasileiro. O nível está mesmo baixo, mas é fácil apontar um culpado, quando todos estão envolvidos nesta culpa. Jogar nos ombros de uma única pessoa a responsabilidade de decisões que valem títulos como no passado -, mas também muito dinheiro como no presente -, não é justo.

Já escrevi nesse espaço que o futebol, sem os recursos eletrônicos, era mais gostoso, divertido. Discutir um lance, se foi ou não falta, já não acontece mais, pois as TVs tiram qualquer dúvida e, no final das contas, mostram se o árbitro errou ou não. Agora não falamos mais do zagueiro, do goleiro ou do atacante, mas sim do juiz do jogo, que por conta das dezenas de câmeras em torno do campo virou o personagem principal.

E mesmo sendo principal, não recebe os cuidados devidos. Por mais preparado que esteja, estará sempre exposto. Sem um quadro profissional, sem treinamento específico, sem ajuda da tecnologia. Será que a culpa é mesmo dele?




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Criado em 27/09/2009 - 14:30 e atualizado em 27/09/2009 - 14:30

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