A polêmica da semana girou em torno da mudança do calendário do futebol brasileiro. A saída de alguns jogadores para a Europa, na famosa "janela", provocou manifestações do governo, que sinalizou no sentido de impedir essa saída no meio do ano. É claro que uma medida desse tipo fere o direito constitucional do trabalhador de ir e vir, de optar pelo lugar onde quer trabalhar e, mais ainda, de decidir quando quer trocar de emprego. Mas quando chegamos no domingo, o assunto já era outro: um time do Rio na lanterna da Série A, outrona Série B e os outros dois, nem disputando o título. Será que o calendário tem parcela de culpa?
Há dez anos um clube do Rio não participa de uma competição na Europa. Nem Tereza Herrera, nem Ramon de Carranza, para falarmos dos mais famosos. Era uma oportunidade de faturar, de preparar o time para o segundo semestre. Mas com o calendário como está, com esses torneios de verão da Europa acontecendo no meio do Campeonato Brasileiro, não há clube que seja liberado para viajar. Atualmente, ir até lá seria, ainda, mais uma maneira de expor sua mercadoria no caso os jogadores -, mas se pensarmos nessa situação, aí mesmo que ninguém sairá do país para jogar.
O fato é que essa receita deixou de entrar e os clubes foram perdendo seu prestígio lá fora. Os clubes brasileiros são pouco conhecidos e só um ou outro, que brilha numa Libertadores e vai à final do Mundial da FIFA é que consegue alguma coisa. Os brasileiros viraram fornecedores de mão-de-obra.
Nessa confusão toda, os menos organizados ficam em situação ainda mais delicada. E aí entram os cariocas, que desde a implantação do campeonato de pontos corridos nunca mais levantaram um título. E não será a mudança de calendário que permitirá uma reação. Enquanto os dirigentes do futebol do Rio não entenderem a necessidade de se fazer do futebol um esporte totalmente profissional, em que os jogadores/atletas devem ser cobrados como tal, mas que também devem receber seus salários em dia, o Rio de Janeiro não irá para frente.
Não custa lembrar que Palmeiras e Botafogo caíram juntos para a Segunda Divisão do futebol brasileiro. E como estão ambos, no momento? Basta olhar a tabela, a estrutura, a organização de um e outro. Pode-se alegar que o Corinthians também caiu, mas viram como o time se portou na Segundona e como está na volta à elite? Será que o Vasco fará o mesmo? Podemos esperar do Vasco o mesmo que faz o Timão, ano que vem?
De forma repetitiva, vou dizer: está na hora de parar de brincar (sem qualquer menção ao Renato Gaúcho, do ano passado). Ou o futebol carioca se estabiliza e organiza, ou nem vai precisar se preocupar com o calendário do Brasileirão daqui a poucos anos. Pelo menos não com o da Primeira Divisão.
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