Salomão escreveu no Livro de Eclesiastes que há tempo para tudo, rir e chorar, festejar e lamentar, nascer e morrer. Isto deve ter passado na cabeça de Felipe Massa, no final do GP, domingo. Foram menos de 20 segundos com o título na mão. O brasileiro foi campeão do mundo sim, mas o título definitivo não ficou com ele. Há muito tempo não via uma corrida assim, uma disputa esportiva com tanta emoção e com mudança tão repentina, em tão pouco tempo. Foi um gol no segundo final, quando o árbitro já levava o apito à boca. Não deu. Mas fica a certeza de que ano que vem o Brasil poderá voltar a torcer nas manhãs de domingo com a expectativa positiva, com direito a sonhar.
Foi apenas uma curva que separou o Massa do título. Por isso, o Campeonato Brasileiro, que se aproxima do final, com pelo menos cinco curvas pela frente, não pode ser visto como definido. Claro está que São Paulo e Palmeiras têm alguns segundos de vantagem para os que vêm atrás Grêmio, Cruzeiro e Flamengo. Mas e se chover? Se o pneu não for o mais indicado? Se um retardatário resolver arriscar um pouco mais e não correr para o boxe?
A emoção está garantida. É bem verdade que alguns "fiscais de linha" estão mostrando bandeiras na hora errada e é incrível como torcedores de todas as equipes reclamam da maneira diferenciada com que o São Paulo tem sido tratado. Será coincidência mesmo? Não dá para acreditar, ou aceitar, em armação. Qual seria o benefício e quem seria o beneficiado pelo terceiro título consecutivo do São Paulo? Esta é a pergunta que deve ser respondida por quem faz tais acusações.
Na internet corre um levantamento de 12 jogos em que a arbitragem "ajudou" o São Paulo. Impressiona, mas: que tal o Flamengo não perder tantos pontos em casa? Por que o Grêmio não garantiu a vitória sobre o Figueirense? E o que dizer do Palmeiras, diante do Sport? E o Cruzeiro, que não se afirma e não convence como candidato ao título? Se todos tivessem o mesmo desempenho do São Paulo, será que as tais ajudas dos árbitros teriam o mesmo resultado? Será mesmo que nenhum deles, dos ainda candidatos ao título, não contaram com um erro de arbitragem a favor?
O torcedor tem de acreditar no seu time e apoiar. Nada de ficar jogando a culpa em armações. O problema maior está em casa mesmo, nos tropeços que o tricolor paulista não comete. Na falta de organização, de futebol, de vontade de ganhar. O Massa mostrou que acreditar é o caminho. O Hamilton ainda mais. Como disse Salomão, há tempo de perder, mas também de buscar. E é isso o que todos devem fazer, nessa chegada, cheia de curvas, do Campeonato Brasileiro.
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