A Taça São Paulo de Futebol Júnior já teve seu brilho. Houve época em que os clubes se preparavam para ela e iam com suas equipes principais, em busca do primeiro título importante da temporada. Mas justamente na edição em que se comemoram 40 anos de disputas, o que vemos é uma verdadeira vitrine, onde garotos são expostos e lutam para, quem sabe, serem descobertos por algum empresário que os leve para jogar no exterior.
Ao contrário do que ocorria no passado, a atual edição reúne 88 equipes parece o Campeonato Brasileiro dos anos 70, quando a política intervinha a pleno vapor e havia, inclusive, um verso popular que dizia "onde a Arena vai mal, mais um time no Nacional" (a Arena era um partido político). Na Copinha, se você tiver um time e quiser inscrevê-lo, é só preencher a ficha de inscrição. E por isso encontramos equipes totalmente desconhecidas, algumas de empresários, que estão usando o evento para colocar seu "produto" à venda.
Não é à toa que alguns clubes sérios nem levam seus melhores garotos para lá. Vai que algum desperta o interesse dos olheiros profissionais!? Como segurar a futura promessa? Como, então, levar a sério uma disputa como esta? Como valorizar um título, que dá toda a pinta de ser o menos importante, nesse balcão de negócios? É evidente que tem muita gente ali jogando para ganhar, com seriedade, representando o clube e suas tradições, mas a organização do torneio peca quando abre a guarda e descaracteriza a competição.
Triste é ver que, se no passado dizia-se que o jogador era escravo do clube, hoje os garotos estão nas mãos de empresários. Aliás, muitos jogadores profissionais também. Alguns nem têm o direito de escolher onde vão jogar, pois se um bom negócio aparecer é óbvio que quem detém o tal direito federativo vai querer lucrar com a oportunidade. É triste ver, também, que a maioria desses garotos sonha em jogar no exterior, deixando a paixão clubística e o desejo de vestir a camisa que ama em segundo plano. E tem mais: se perguntarem quem é o ídolo deles, boa parte indicará alguém que nem brasileiro é. Um panorama não muito positivo para esse início de ano, não é? Mas 2009 está apenas começando e a gente sempre estará na torcida por dias melhores. Quem sabe a crise mundial não vai ajudar nosso futebol? O Chelsea está à venda! Será que os clubes europeus terão tanto dinheiro para levar nossos jogadores pela janela este ano? Como dizem os chineses, crise sempre traz boas oportunidades. Que nossos clubes percebam isso e dêem início a um processo de reorganização nesta temporada.
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