Pauta:
As ideias do economista francês Thomas Piketty reunidas no livro “O Capital no século 21” estão causando polêmica e furor na mídia mundial.
Economistas renomados se debruçam sobre o livro, de 950 páginas, para analisar os números e planilhas da evolução da distribuição da riqueza pelo mundo desde a Revolução Francesa.
Apesar de figurar na lista dos mais vendidos do portal de vendas Amazon, a maior livraria online do mundo, e ter recebido elogios de muitos economistas, o livro foi criticado pelo Financial Times, que apontou erros na pesquisa, o que foi descartado imediatamente por Piketty e por outros especialistas.
Para debater o assunto, Alberto Dines conta com a participação da professora de economia Monica de Bolle, tradutora do livro para o português; do economista Sérgio Besserman e da editora do Valor Econômico, Catherine Vieira.
Editorial:
Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
Muito mais do que um extraordinário fenômeno editorial, a repercussão do livro do jovem economista francês, Thomas Piketty, “O Capital no Século 21”, tem a ver com o seu inspirador, Karl Marx, e com os preconceitos que o filósofo alemão desperta nas elites econômicas e políticas há 137 anos, quando publicou o primeiro volume do “Capital”, a obra mais proibida dos últimos séculos.
Mas, o que alavanca o entusiasmo em torno de Piketty, tornando-o instantaneamente uma estrela de primeira grandeza no cenáculo mundial, são as conclusões que procurou comprovar cientificamente: Marx está correto, as desigualdades tendem a eternizar-se, na medida em que a riqueza mantém-se sólida, não se distribui.
Piketty não é um carbonário, é um marxista moderado, militante do partido socialista francês, que está sendo recebido com o maior respeito por publicações notoriamente conservadoras como o “Wall Street Journal” e o “Economist”, este do mesmo grupo que edita o “Financial Times”, que tenta corrigir suas premissas e estatísticas. Em vão.
A chave final para explicar o fenômeno Piketty é a afirmação nas primeiras páginas da introdução: “a economia é algo sério demais para ficar exclusivamente nas mãos dos economistas e cientistas sociais”. A economia concerne a todos. Piketty está parafraseando o político francês George Clemanceau, que chocou os generais durante a Primeira Guerra Mundial, ao dizer que “a guerra é seria demais para ficar apenas nas mãos dos militares”.
A inédita democratização do debate econômico tem a ver com a profissão dos principais players desta história: Marx foi jornalista e dono de jornais na velha Prússia; perseguido e silenciado, acabou como articulista do maior jornal americano na segunda metade do século 19, o “New York Daily Tribune”. Durante onze anos escreveu 350 artigos, alguns em parceria com Friederich Engels, e assim sobreviveu com relativo conforto.
Piketty é colunista mensal do “Liberation” e ocasionalmente colabora com o “Monde”. Seu principal suporte é Paul Krugman, nobel de economia e articulista regular do New York Times.
Fica comprovado: a distribuição da riqueza é também tarefa da imprensa livre.
Dos Telespectadores:
Telefonemas:
Vitor Duarte, Rio de Janeiro – Aposentado
Besserman, você pode explicar melhor essa história dos americanos jogando essa quantidade de dinheiro no mercado e no mundo, de 2008 pra cá?
Jorge Rosa Afonso, Rio de Janeiro
Gostaria de fazer uma provocação: o livro do Piketty fala de desigualdade social, mas ele mesmo vai ficar muito rico com as vendas e fazendo palestras. Eu não perco o programa e a cada semana está melhor.
Abimael Mariz, Recife / PE – Economista
Foi muito importante trazerem para o debate o livro do Piketty. Quando vai ser lançado no Brasil e por qual editora? Existem poucos livros sobre a desigualdade social e a riqueza do mundo.
Jorge Luiz Souza, Belém / PA – Sociólogo
Estão falando muito sobre a crítica ao capitalismo e a desigualdade de renda. Por que não se fala sobre a desigualdade ambiental?
Valdomiro Trento, Santos / SP – Técnico industrial
O país depende, fundamentalmente, de uma reforma política e eleitoral onde todos participem.
Raimundo Leal dos Santos, Salvador / BA
Para Hegel, o escravo era fabricado pelo Rei. Para Marx, o escravo era fabricado pelo Rei. O que os sociólogos acham dessa afirmação atualmente?
Ronaldo Maia, Recife / PE – Sacerdote ortodoxo
Por que na bancada só temos intelectuais e economistas debatendo o assunto e nenhum representante de movimentos populares? Gosto muito do programa e, por ser passado numa tevê pública, deveria ter um representante da camada social mais atingida.
Lucia Helena Machiolli, Vila Velha / ES – Analista de sistemas e educadora
Parabenizo o tema de hoje e pergunto: o que há na linguagem do autor que nos faz lembrar a nona sinfonia de Beethoven?
Assista na Íntegra:
Apresentação: Alberto Dines
Como assistir
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