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Revisão Golpe 64 - O Globo

Programa destaca fato que serve de lição para coberturas jornalísticas

Observatório da Imprensa

No AR em 10/09/2013 - 23:00

Pauta

Editorial

Dos Telespectadores

Assista na Íntegra

 

Pauta:

O Globo publicou recentemente uma ampla matéria admitindo que errou ao apoiar o golpe de 64. O mea-culpa estava inserido dentro da cobertura do projeto “Memória”, que dá ao leitor a possibilidade de acompanhar a linha editorial do jornal diante dos principais fatos políticos ocorridos na História do país entre 1930 e 1964.

O fato é inédito em jornais de âmbito nacional nos últimos 50 anos. A Folha de S. Paulo também reconheceu seus erros, mas não com tamanha ênfase. Políticos, jornalistas e historiadores ressaltaram a importância do reconhecimento do erro editorial do jornal para a compreensão de acontecimentos marcantes do país.

Nesta mesma edição, o Observatório da Imprensa vai tratar do acordo das Organizações Globo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para evitar práticas na captação de publicidade dos seus veículos que poderiam ser confundidos com dumping.

Para debater o assunto, Alberto Dines recebe os jornalistas Aluizio Maranhão, Milton Coelho da Graça e Carlos Eduardo Lins da Silva.

 

Editorial:

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

Credibilidade não se compra pronta. É uma obra em construção, tecida com erros, acertos e, principalmente, com transparência.

A verdade também não existe, o que existe é a busca da verdade e esta busca constitui um exercício constante de humildade e paciência, restrito apenas àqueles que levam a sério suas responsabilidades e agem de acordo com suas consciências.

Penoso admitir enganos e aceitar culpas. A arrogância é sempre mais cômoda, muito menos arriscada. Por isso, quando um jornal como O Globo – carro-chefe de uma das mais poderosas organizações jornalísticas do país e do mundo – admite com todas as letras, sem dubiedades, que equivocou-se ao apoiar o golpe militar de 1964 e a ditadura que se seguiu, abdica da aura de infalibilidade. Ao mesmo tempo, ganha o respeito, não apenas do seu público, ganha também a confiança dos pósteros.

O Globo não apoiou sozinho o golpe militar. Toda a grande imprensa, com exceção da Última Hora, de Samuel Wainer, aderiu com entusiasmo ao movimento que derrubou o presidente Jango Goulart. O Correio da Manhã, já desaparecido, foi escolhido para dar o sinal do início do levante militar, com os três editoriais na primeira página. Porém, um mês depois se arrependeu e passou a opor-se ao governo e ao regime de exceção. Foi um gesto de grandeza, na ocasião insuficientemente valorizado porque toda a imprensa persistiu no erro.

A surpreendente atitude de O Globo tem condições de iniciar um degelo em nossa vida jornalística. Pode transformar-se numa “Primavera”, desde que seja acompanhada pelos demais veículos.

Não se trata de exigir que os jornais sobreviventes repitam o mea-culpa de O Globo com relação ao passado. Trata-se, sim, de cobrar uma revisão dos atuais procedimentos. Em 1964 a nossa imprensa abriu mão do pluralismo, entregou-se ao pensamento único. Agora, quase 50 anos depois, espera-se um retorno ao pluralismo e uma busca determinada e incansável da verdade.

 

Dos Telespectadores:

E-mails:

Mário Maturo Coutinho, Rio de Janeiro
Sr. Dines, boa noite. Está de parabéns o jornal O Globo pelo "mea-culpa" que fez em relação ao golpe de 64. Só lamento que esse reconhecimento só tenha vindo a público bem depois do dia 21 de junho de 2004 (falecimento de Leonel Brizola). De qualquer forma, antes tarde do que nunca. Parabéns pelo programa.

Paulo Zitelli
Boa noite. Antes de tudo advirto que não estou na defesa da Globo, mas quero abordar um aspecto que me chama a atenção. É impressionante como a Globo e a ditadura não saem de cena. Passo a expor alguns elementos que se misturam e que poderiam ser tratados pelo Observatório: a juventude de hoje nasceu na década de 80 e as demandas atuais passam ao largo de temas como o golpe de 64. Jornalistas que não estão na Globo gostam de discutir temas com enfoque sociológico (ideológico), mas estão ligados a empresas que se submetem ao regime de mercado e que precisam vender seus produtos. Jornalistas estão querendo pautar a sociedade mais que noticiar, e as pautas propostas são anacrônicas. Parece que é uma extensão dos debates acadêmicos das universidades públicas, que não acaba nunca, uma luta ideológica e quixotesca que não acaba nunca, enquanto isso o "mundão" está pegando fogo. Precisamos melhorar nossa produtividade, nossos índices de honestidade, não só na política, mas na vida cotidiana, entre muitas outras coisas que precisam melhorar. Estes debates sobre ditadura e Globo parecem estar fora do foco atual da maioria das pessoas. O Brasil precisa muito de uma imprensa melhor e não de uma imprensa atada a questões tão dissipadas. Por outro lado, a imprensa está com baixíssima qualidade: o conteúdo do debate, a autodefesa corporativista e o exercício arbitrário do direito de livre manifestação e expressão. Parece que o jornalista quer ter sempre razão e não gosta de ser contrariado. Estas posturas não são pouco produtivas? Não é melhor discutir questões como corporativismo e perseguição jornalística aos que se manifestam de modo contrário aos jornalistas? Não é melhor discutir a tal liberdade de manifestação do pensamento e analisar o quanto a "imprensa" é ditadora? Por que esta fascinação pela Globo? Sei que é a maior empresa do setor, mas só isso justificaria tanto assunto? Grato e bom programa.

 

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Apresentação: Alberto Dines

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Criado em 04/09/2013 - 18:41 e atualizado em 12/09/2013 - 17:42

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