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Vida em sala de aula

Caminhos da Reportagem

No AR em 15/10/2023 - 22:00

O dia a dia dentro e fora da sala de aula é algo já conhecido pela complexidade e também rotina exaustiva. O Caminhos da Reportagem foi atrás de histórias daqueles que colocam em prática a educação do país, mesmo que nem sempre tenham apoio, investimentos e atenção. Com quatro histórias, o programa apresenta alguns desafios que a educação brasileira precisa enfrentar para alcançar um patamar de qualidade mais alto.

A professora Maria Janerrandra leciona para alunos de 6 a 18 anos
A professora Maria Janerrandra leciona para alunos de 6 a 18 anos, por Divulgação/TV Brasil

A escola acaba sendo uma das pontes mais próximas entre as comunidades e as políticas públicas. Na área rural do Distrito Federal, a Escola Classe Café Sem Troco se deparou com um desafio: acomodar e ensinar crianças e adolescentes indígenas, da etnia Warao Coromoto, que vieram refugiados da Venezuela para o Brasil. Muitos deles, além de não falarem o português, não estão alfabetizados.
 
A professora brasileira Maria Janerrandra, que fala espanhol, topou o desafio. Ela ensina em uma mesma sala, alunos de 6 a 18 anos, separados em 3 grupos - pré-alfabetizados, alfabetizados e os que estão já no Ensino Fundamental. “Tudo é muito novo para eles. Acho que hoje em dia, eu não me imagino numa sala normal, fazendo aquela coisa tradicional”, afirma.

Sobrecarga

O professor de Sociologia, Osvaldo Lima de Oliveira, se desdobra para dar conta do planejamento de aulas, reuniões e correções de trabalhos
O professor de Sociologia, Osvaldo Lima de Oliveira, se desdobra para dar conta do planejamento de aulas, reuniões e correções de trabalhos - Divulgação/ TV Brasil

O professor de Sociologia Osvaldo Lima de Oliveira, além das horas em sala de aula, divide o tempo com reuniões de coordenação, planejamento de aulas e correções de provas. "Você acaba extrapolando literalmente o horário que é necessário porque você quer ver a coisa funcionar, você quer oferecer não só o feijão com arroz".

Mariana Breim, diretora de Políticas Educacionais do Instituto Península, chama a atenção para questões de saúde mental dos profissionais. “Tem professores, especialmente dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, que são responsáveis por mais de 200, 300 alunos, que trabalham em mais de duas escolas, com jornadas de trabalho extenuantes, às vezes acima de 40 horas”, afirma.  

Doenças como depressão, ansiedade, pânico e burnout aparecem cada vez mais nas estatísticas ligadas à profissão. “A gente, cada vez mais, discute as condições de trabalho do professor, que não são adequadas, precisam precisam evoluir para que ele possa ter o seu próprio equilíbrio emocional e agregar às crianças uma atenção especial e cada vez mais especializada”, afirma Haroldo Corrêa Rocha, com coordenador geral do Movimento Profissão Docente. 

Esperança

Mulheres inspiradoras, Gina Vieira Ponte e sua aluna Joyce Barbosa Pereira, optaram por ser professoras
Mulheres inspiradoras, Gina Vieira Ponte e sua aluna Joyce Barbosa Pereira, optaram por ser professoras - Divulgação/TV Brasil

Nos mais de 30 anos de profissão, a professora Gina Vieira Ponte teve altos e baixos. "Quando a gente começa a profissão num país que valoriza tão pouco o magistério e que investe tão pouco na política de formação dos profissionais, eu preciso te dizer que o sentimento que me tomou a maior parte do tempo foi um sentimento de solidão pedagógica", conta.

Foi em uma crise profissional, após entrar em depressão, que ela foi em busca do porquê da escola não ser atrativa para os jovens. "Eu fui estudar e descobri que isso ocorre porque primeiro a escola vira as costas para eles. Nós temos insistido no modelo educacional ultrapassado, autoritário, obsoleto que tem sido o motivo de denúncia de contestação há muito tempo", afirma.
 
A partir dessa reflexão, Gina criou o projeto "Mulheres Inspiradoras", que através da leitura de livros, levou os alunos a conhecer histórias de mulheres que mudaram o mundo. O projeto já recebeu prêmios nacionais e internacionais. Mas, acima de tudo, inspirou os próprios alunos.  
 
Ex-aluna de Gina, Joyce Barbosa Pereira teve a oportunidade de ilustrar a capa do livro que foi o resultado do projeto. A partir dali, inspirada pela professora, surgiu a vontade de dar aula. "Essa professora que tento ser hoje é muito desta professora que eu me inspiro na Gina, de chegar aos alunos, de inspirar e de ser um agente de transformação social”.  

A ludoteca é uma opção para mulheres que querem estudar e não têm com quem deixar os filhos
A ludoteca é uma opção para mulheres que querem estudar e não têm com quem deixar os filhos - Divulgação/TV Brasil

Hoje, Joyce é professora de artes e educadora social. E Gina vê com orgulho a ex-aluna que abraçou a profissão pela qual ela se dedicou por tanto tempo. "Espero viver num país em que ser professor não seja algo menor como a sociedade diz pra gente o tempo todo".

Ficha Técnica:

Reportagem: Carina Dourado
Apoio à reportagem: Sarah de Oliveira Quines
Produção: Claiton Freitas
Reportagem cinematográfica: Sigmar Gonçalves, Rogério Verçoza e André Rodrigo Pacheco
Apoio à reportagem cinematográfica: Osvaldo Alves e João Marcos Barboza
Auxílio técnico: Marcelo Vasconcelos e Raimundo
Apoio ao auxílio técnico: Wladimir Ortega
Edição de texto: Marieta Cazarré
Edição e finalização de imagem: Rivaldo Martins
Arte: Caroline Ramos e Alex Sakata

 

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Criado em 11/10/2023 - 16:10

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