Nesta edição o Incertezas Críticas recebe o sociólogo francês Michel Maffesoli para analisar a relação entre crise e pós-modernidade. Professor da Sorbonne, o estudioso aborda a importância de se estudar o cotidiano e fala também sobre o Brasil e o manguebeat.
O escritor critica a redução da crise ao viés meramente econômico e financeiro. "Eu diria que há uma vasta mutação de fundo e, portanto, chamaria isso de crise societária", argumenta Maffesoli, comparando a crise com um "tsunami societário", que, de alguma forma, está mudando os valores que marcam a modernidade.
Para o sociólogo francês, o racionalismo, o progresso e o trabalho são os três grandes valores modernos que estão em crise. Isso se dá, segundo ele, devido à saturação no modo de ser e pensar. "Os valores modernos se saturam e outros nascem", afirma Maffesoli, que aponta a emergência de novos valores, como a ideia de criação no lugar de trabalho, o retorno da imaginação em vez do racionalismo, e, no lugar do progresso, a "ecosofia", uma relação de parceria entre a natureza e a cultura.
"É por isso que, para mim, a pós-modernidade não é uma concepção catastrófica, é, ao contrário, o nascimento, o renascimento, de algo novo e bem entusiasmante, e que é particularmente trazido pelas jovens gerações", reflete. A respeito do contexto brasileiro, Maffesoli acentua a diferença de valores geracionais com a questão de classe."O povo vive valores pós-modernos, mas a elite brasileira se mantém, na minha opinião, em valores modernos", critica. O escritor considera que o Brasil, assim como alguns outros países, é um laboratório da pós-modernidade cuja sinergia congrega o arcaico e o desenvolvimento tecnológico.
Autor de diversos livros, Michel Maffesoli é professor da Universidade de Sorbonne, do Instituto Universitário da França e diretor do Centro de Estudo sobre Questões do Cotidiano.
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