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Ebola e a mídia

Programa analisa a cobertura dos casos de ebola na mídia

Observatório da Imprensa

No AR em 21/10/2014 - 21:30

A Organização Mundial de Saúde alerta: o surto de ebola pode crescer para dez mil casos em dois meses enquanto a taxa de mortalidade já registra um aumento de 70%. Os números são desanimadores na maior epidemia da doença: até o momento, são quase 5 mil mortos. Os países mais afetados são Serra Leoa, Guiné e Libéria, todos no oeste africano. O número de casos registrados na região chega a 9 mil.

Na Europa e nos Estados Unidos, os doentes infectados e suspeitos de contaminação estão em tratamento e vem sendo monitorados apesar de alguns procedimentos básicos não terem sido respeitados, como nos casos das enfermeiras na Espanha e nos Estados Unidos. A falta de atenção às regras de proteção levou profissionais de saúde para as ruas em protesto. A categoria reclama das condições de trabalho e de assistência inadequada da comunidade internacional.

Na África, continente mais atingido, a epidemia está afetando drasticamente a já precária economia local. A Organização das Nações Unidas alertou que o engajamento da comunidade é fundamental no combate ao vírus. Milionários como o fundador do Facebook divulgaram doações de 25 milhões de dólares para o controle da doença. Países como o Brasil também enviaram recursos.

O Brasil, que teve um guineano internado com suspeita da doença, aparentemente passou bem no teste. Os procedimentos foram realizados a tempo e a equipe aproveitou o caso, descartado depois de exames, para treinamento.
A mídia deu amplo destaque ao caso, mas pandemias como a do ebola, levantam a questão da especialização na mídia. Os jornalistas estão treinados para cobrir casos de saúde pública?

 

Editorial

Mesmo fora da temporada eleitoral chamaria a atenção o protesto de um jornalista contra o embargo a um de seus textos. Na reta final do pleito, o caso torna-se ainda mais notável, já que no texto censurado o jornalista expressava a sua preferência por um candidato. Xico Sá, colunista do caderno de esportes da “Folha”, demitiu-se em protesto. A ouvidora da “Folha” reclamou da direção a aplicação de medida tão extrema e foi-lhe explicado que tratava-se de “proselitismo partidário”. Desculpa esfarrapada: ao opinar, querendo ou não, um colunista faz proselitismo e o jornal que pretende ser pluralista deve estar aberto a todos proselitismos e partidarismos. Caso contrário, estará praticando um pluralismo pela metade o que, convenhamos, é muito singular.

O primeiro surto significativo do ebola ocorreu há quase quarenta anos. Houve outros, mais localizados e menos letais.  Desta vez o vírus atacou com extrema virulência num grupo de países da África ocidental extremamente vulneráveis, pobres, recém-saídos de guerras civis.

O alerta máximo acionado pela Organização Mundial de Saúde levou em conta os fatores de risco locais, o potencial de contágio e a mobilidade decorrente da rápida globalização.

Prevenção não é um faz de conta, ou se faz para valer ou é encenação. Aqui no Brasil, o fato do suspeito zero, o guineano Souleymane Bah, ter sido diagnosticado como negativo, não pode ser interpretado como indício de que houve exagero.  As autoridades sanitárias não se esconderam, explicaram e tranquilizaram, os protocolos de segurança foram estritamente obedecidos e a mídia comportou-se com razoável cuidado.

Este é um dado de capital importância: a comunidade internacional está, agora, demonstrando sua capacidade de reagir de forma solidária e coordenada. Neste sentido, a extraordinária participação dos médicos cubanos está sendo aplaudida até pela imprensa americana. As notícias da cura das duas enfermeiras espanholas contaminadas diretamente por um paciente que morreu é um indício de que o ebola não é imbatível, pode ser enfrentado e talvez controlado. O perigo continua o mesmo. Mas a mídia pode ajudar a enfrentá-lo. Quando se trata de salvar vidas, entre omissão e alarmismo, este pode ser muito mais eficaz.




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Criado em 21/10/2014 - 16:06 e atualizado em 03/11/2014 - 18:02

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