Pauta:
As comemorações pelo dia da Independência do Brasil foram marcadas pela violência dos Black Blocs nas ruas do país. As manifestações e o forte aparato policial afastaram o público do ato cívico. O que antes era celebração, virou um espetáculo de militares. Nem assim os policiais evitaram a pancadaria que se seguiu ao desfile em várias capitais.
Convocados pelas mídias sociais, os grupos de mascarados comandaram os ataques aos bens públicos, privados e qualquer coisa que estivesse pela frente, inclusive jornalistas. Vinte foram agredidos. A reação foi imediata. Depois do apoio às jornadas de junho, agora a mídia se levanta contra a violência dos grupos de vândalos.
Se antes a sociedade via com bons olhos as manifestações, hoje critica as agressões. A polícia, assegurada pela lei, prendeu e processa vários integrantes dos grupos, que vão a julgamento. A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro aprovou recentemente um projeto que proíbe o uso de máscaras em protestos. A lei ainda não foi sancionada, mas já causa polêmica.
Nesta edição, o Observatório da Imprensa também irá relembrar exemplos de atos históricos e revolucionários que, sem empregar a violência, foram capazes de mudar a sociedade.
Alberto Dines recebe, no estúdio do Rio de Janeiro, a antropóloga Yvonne Maggie, o jornalista Arthur Dapieve e o professor Ignácio Cano.
Editorial:
Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
A questão é essa: quem expulsou o povo das ruas? Por que razão evaporou-se aquela vontade de manifestar-se que levou tanta gente às ruas do país em junho e julho para dizer o que sentia? Foi a repressão policial ou a violência dos Black Blocs a responsável pela repentina virada de página?
Como sempre, nossa mídia tem pressa em colocar o ponto final nos debates, não gosta de esticar as controvérsias, aparentemente com receio de dar voz àqueles dos quais discorda.
A legitimidade da violência política vem sendo discutida há 300 anos e não apenas nas assembleias, academias e também na literatura. “Os Possessos” de Dostoievsky vale para os dias de hoje. O anarquismo e o niilismo precisam ser atualizados, caso contrário transformam-se em equívocos.
Se a imprensa não discute os fenômenos gerados pela realidade mutante, quem o fará? E por que ninguém lembra das façanhas dos heróis da não-violência? Mahatma Gandhi, o pastor Martin Luther King e o seringueiro Chico Mendes nunca pregaram quebra-quebras. É verdade: foram covardemente assassinados, mas mudaram o mundo.
Os Black Blocs conseguirão algo semelhante?
Dos Telespectadores:
Telefonemas:
Valdecir Vieira, Niterói / RJ – Fotógrafo
A mídia não está dando a mesma atenção que dava no início das manifestações.
Waldeci Amaro dos Santos, Belém / PA - Prof. Sociologia
Nas décadas de 60 e 70, o povo foi às ruas protestar contra a ditadura militar. Na década de 80, Cazuza cantou uma música revolucionária "Brasil, mostra tua cara". Tem que cair a máscara da direita enrustida e as amarras do capitalismo que só massacra o povo. No Pará, por exemplo, nós temos a região de Melgaço, que apresenta o menor IDH do Brasil.
Lucas Barcelos, Campos / RJ – Estudante
Se os Black Blocs se auto intitulam anarquistas, por que não exibem faixas pedindo a volta da ditadura militar?
Assista na Íntegra:
Apresentação: Alberto Dines
Como assistir
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