A proposta de internação em massa dos moradores da região da Cracolândia, no centro de São Paulo, em clínicas de reabilitação reacendeu o debate sobre internação compulsória. Pela legislação essa medida deveria ser a última alternativa de tratamento e só deveria ser considerada após esgotarem todas as possibilidades de recuperação do usuário em liberdade. Ainda de acordo com a lei, a internação só pode ser feita em caráter emergencial, temporário e com autorização judicial. O que não aconteceu na cidade de São Paulo.
Para debater o tema, o Diálogo Brasil recebe a professora da UnB e coordenadora-geral do Centro de Referência sobre Drogas e Outras Vulnerabilidades Associadas, Andrea Gallassi, e o promotor de Justiça de Entorpecentes, José Theodoro.
Para a professora, o problema do uso do crack é um caso de saúde pública e não será combatido do dia para a noite, com o uso de medidas drásticas. “Para que se tenha sucesso no tratamento o ingrediente principal é o desejo para que essa pessoa possa se tratar. Usar da coerção para que essa pessoa entenda o problema que ela tem é um caminho que não deve ser utilizado”, defende Andrea.
José Theodoro acredita que a internação compulsória deve ser vista como uma opção de tratamento, mesmo que em casos excepcionais, já que nem sempre é possível esperar que o dependente manifeste o desejo de se tratar. “Devemos esperar que a pessoa queira fazer esse tratamento? Quando é que esse momento chega?”, questiona o promotor.
Também participam do programa, com depoimentos, o promotor de Justiça do estado de São Paulo, Arthur Pinto Filho; o psiquiatra e professor da Unifesp, Dartiu Xavier da Silveira; o defensor público do estado de São Paulo, Davi Quintanilha; a pesquisadora da Fiocruz, Mirna Teixeira; e a psicóloga e militante de direitos humanos, Laura Shdaior.
O Diálogo Brasil vai ao ar toda segunda-feira às 22h, na TV Brasil.
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