Profissionais de educação e pais, nas cidades brasileiras, começam a vislumbrar os primeiros sinais de uma retomada do ensino presencial. As aulas foram suspensas no início do ano, como medida para conter a contaminação pelo coronavírus. Nos municípios onde a transmissão está mais estável, governos autorizaram a reabertura de escolas e definiram calendários.
A notícia gera ansiedade sobre a capacidade de as escolas garantirem medidas sanitárias. “Vai ter que ter instalações para lavagem de mão, distanciamento e vai ter que ter um programa para incluir, sobretudo, as crianças e adolescentes que ficaram sem poder estudar”, alerta a representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Florence Bauer.
Ao programa Impressões, da TV Brasil, a especialista franco-alemã comenta a realidade de escolas que sequer conseguiam garantir instalações apropriadas para aulas e que, agora, terão que enfrentar o desafio de assegurar condições de higiene mais exigentes e o distanciamento.
Florence Bauer também alerta para o “o risco de perder uma geração” fora da escola. “Mesmo antes da pandemia, havia 1,7 milhão de crianças e adolescentes fora da escola e uma grande parte são adolescentes. Só uma parte [dos que já estudavam] conseguiu ter acesso a um tipo de educação, outra, não tem nem acesso à internet. [A adolescência] é uma fase de vida que esse vinculo é fundamental para o desenvolvimento”, afirmou.
Na conversa com a jornalista Katiuscia Neri, ela lembra que quase 5 milhões de crianças e adolescente entre 9 e 17 anos não têm acesso à internet no país. E defende meios para ampliar a infraestrutura e o acesso a telecomunicação no país. “É o momento de dar um passo radical para oferecer esse pacote mínimo [de acesso de dados] a todas as crianças e adolescentes, sobretudo as mais vulneráveis, como uma forma de buscar a inclusão digital”, defendeu.
O acesso à educação está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que completou 30 anos em julho, sendo apontado, pela representante do Unicef, como uma das legislações mais sofisticadas do mundo. Porém, com a fragilização inevitável de alguns direitos neste momento de pandemia, a especialista defende um esforço redobrado.
“O fundamental é colocar as crianças e adolescentes no centro das políticas públicas. Mais do que nunca é fundamental aplicar o princípio da prioridade absoluta. Investir mais em educação, saúde e prevenção da violência para consolidar os avanços conquistados até agora”, concluiu.
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