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Esquivel indignado com “censura” do Senado

Ativista de direitos humanos e ganhador do Nobel, Adolfo Pérez

Especiais TV Brasil

No AR em 01/05/2016 - 01:00

Adolfo Pérez Esquivel.Depois de passar pelo Palácio do Planalto, pelo Congresso Nacional e pelo Supremo Tribunal Federal, em visita aos três poderes da República para manifestar preocupação com a situação política do país, o argentino Adolfo Pérez Esquivel – Prêmio Nobel da Paz de 1980 – terminou a quinta-feira nos estúdios da TV Brasil. A entrevista exclusiva vai ao ar no segundo programa “Impeachment e a luta pela democracia.”

Esquivel reagiu com indignação ao saber que a Mesa Diretora do Senado Federal mandara retirar a palavra “golpe” das notas taquigráficas da fala dele no plenário da Casa, ocorrida poucas horas antes de chegar à Empresa Brasil de Comunicação (EBC), onde foi entrevistado pelos jornalistas Paulo Moreira Leite, da TV Brasil, Júlia Chaib, do Correio Braziliense, e Rubens Valente, da Folha de S.Paulo. “Espero que não me censurem! Eu disse que estão preparando um golpe de Estado.”

Duas vezes preso pela ditadura militar brasileira, que durou de 1964 a 1985, o ativista lembrou que regimes de exceção dominaram quase todo o continente nos anos 70. Segundo ele, há uma retomada do retrocesso. Citou as destituições dos presidentes Manuel Zelaya, de Honduras, em 2009, e Fernando Lugo, do Paraguai, em 2012, e as associou à conjuntura no Brasil. “Dilma Rousseff atuou como atuaram os governantes que a precederam e também os governadores”, observou, sustentando que todos usaram os mesmos mecanismos de que hoje acusam a presidenta. “Para nós, é um golpe de Estado”, sustentou.

Na entrevista, de pouco mais de uma hora, Esquivel lembra que o governo Maurício Macri, na Argentina, se deu por eleições livres, com margem apertada. E que em apenas quatro meses, a política neoliberal que implantou aumentou o número de pobres em 1,4 milhão, de acordo com análise da Universidade Católica Argentina. “Aonde vão essas democracias? O que se pretende com isso?”, questionou.

Em mais um paralelo com o Brasil, Esquivel disse que a sociedade está muito dividida e não pode ser mera espectadora da situação. Tem que ser protagonista. Ressalvou que tirar a presidenta não é a questão, mas sim definir o caminho a ser tomado. “Qual projeto de país propõem?”, indagou, questionando a ameaça de o modelo escolhido pelo povo nas urnas vir a ser trocado logo após a eleição da presidente.

Na entrevista, Esquivel também discorre sobre a mídia, a Operação Lava Jato, a Comissão da Verdade, suas relações com o papa Francisco (argentino, como ele), a esquerda latino-americana, o meio ambiente, a questão dos refugiados mundo afora, a gravidade dos problemas indígenas no Brasil e no continente.

 

 




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Criado em 29/04/2016 - 18:49 e atualizado em 02/05/2016 - 14:48

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