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Marielle, presente: 5 anos depois

Caminhos da Reportagem

No AR em 19/03/2023 - 22:00

Cinco anos depois, a principal pergunta do crime ainda não foi respondida e ecoa pelo mundo. Em 14 de março de 2018 a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram assassinados na região central do Rio de Janeiro. No dia seguinte, a população já cobrava por justiça. “O ativismo dela como mulher, o ativismo dela como coordenadora dos direitos humanos por mais de dez anos já dizia o quanto ela era importante na vida de cada um, passou a ser um ícone da história”, destaca a mãe de Marielle, Marinete da Silva.

Caminhos da Reportagem -Marinete da Silva, mãe de Marielle Franco
Marielle passou a ser um ícone da história, Marinete da Silva, mãe- Divulgação/TV Brasil

Nessa meia década, as investigações progrediram pouco; o avanço mais consistente aconteceu no primeiro ano do crime, quando foram presos Ronnie Lessa, acusado de atirar em Marielle e Anderson, e Élcio de Queiroz, acusado de dirigir o carro usado no crime. Até hoje, eles não foram julgados. 

A deputada estadual Renata Souza questiona o rumo do inquérito: “Não só o delegado que os prendeu foi retirado, como toda a equipe. Então, essa mudança drástica revela um problema de interrupção de um ciclo de investigação. A quem interessa isso? É isso que a gente quer saber.”

Caminhos da Reportagem -Renata Souza - deputada estadual PSOL
Renata Souza (Psol - RJ) questiona as diversas mudanças na equipe de investigação do caso - Divulgação/TV Brasil

Nesses 1.825 dias, estiveram à frente das investigações cinco delegados diferentes e passaram pelo caso onze promotores de justiça, quatro secretários de polícia, três governadores, um interventor federal, dois procuradores gerais de justiça e três presidentes da República. Supostas interferências no inquérito fizeram familiares e organizações pedirem a não federalização do caso.

Mônica Benício, viúva de Marielle e hoje vereadora, explica o que caracteriza a possibilidade de uma federalização: “Uma inércia nas investigações que sejam confirmadas, que aconteçam de forma deliberada, com o intuito de não elucidar o caso.” Para ela, naquele momento isso não existia: “Passado o tempo começamos a questionar, o tempo tá correndo, num assassinato como esse, não respondeu por que não pode, por incompetência, ou não respondeu por que não quer?”.

Caminhos da Reportagem -Mônica Benício, viúva de Marielle Franco e vereadora PSOL
Mônica Benício, viúva de Marielle Franco, fala sobre a federalização do caso - Divulgação/TV Brasil

“O assassinato de Marielle é um problema não apenas do Rio de Janeiro, é um problema para o mundo e a gente moveu todas as instâncias, tanto no sistema interamericano quanto nas Nações Unidas. Os países estão acompanhando, os governos dos países estão acompanhando, e as sociedades do mundo estão acompanhando”, aponta a diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck.

Cerca de cem organizações não governamentais denunciaram o crime no Conselho de Direitos Humanos da ONU. Jan Jarab, representante regional de Direitos Humanos (ACNUDH/ONU), afirma que a organização segue acompanhando as investigações e que a violência é parte de um contexto político que caracteriza o Brasil dos últimos anos: “são as vereadoras, deputadas estaduais, até federais, negras ou da comunidade LGBT e da diversidade sexual que são ainda mais ameaçadas, até da violência física, de assassinato”.

Caminhos da Reportagem -Jurema Werneck - diretora Anistia Internacional Brasil
Jurema Werneck, diretora Anistia Internacional Brasil - Cem organizações não governamentais denunciaram o crime no Conselho de Direitos Humanos da ONU - Divulgação/TV Brasil

Mulher, negra, mãe, cria da favela da Maré que se transformou em liderança política. Marielle foi assassinada, mas deixou sementes que desabrocharam. Hoje, diversas herdeiras políticas levam a voz de Marielle à frente. Para a deputada Renata Souza, o principal recado deixado por Marielle é para que a humanidade não se desumanize: “Marielle é presente em todas as lutas contra as desigualdades sociais, em especial contra as desigualdades de gênero, raça e classe.”

 

Ficha técnica:

Reportagem: Eliane Benício, Maurício de Almeida e Priscila Thereso
Roteiro e edição de texto: Luciana Góes
Edição e finalização de imagem: Eric Gusmão
Produção: Luciana Góes e Priscila Thereso
Apoio produção: Luiz Filipe Lima  e Yuri Griem (estagiários)
Reportagem Cinematográfica: Eduardo Guimarães, Eusébio Gomes, Gabriel Penchel, João Victal, Rodolpho Rodrigues e Ronaldo Parra
Auxílio Técnico: Adaroan Barros, Felipe Messina e Yuri Freire
Operador de áudio: Ed Guimarães

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Criado em 16/03/2023 - 18:35

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