Um ano após a explosão da emergência humanitária na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, a equipe do Caminhos da Reportagem volta ao local para avaliar o que mudou nesse período.
“A gente passava ali no sobrevoo e via as pessoas totalmente tranquilas dentro da terra indígena. Era como se fosse a casa delas. Hoje ainda tem garimpeiro lá dentro, mas você já percebe a mudança: eles não estão mais à vontade como estavam antes”, afirma a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.
Ainda segundo o governo, a operação federal para expulsar garimpeiros do território Yanomami, que teve início em janeiro de 2023, provocou uma queda de 80% na extração ilegal.
Procurador da República em Roraima, Alisson Marugal avalia essa diminuição como “espetacular”, mas faz ressalvas: “essas operações contundentes perduraram até agosto, setembro, outubro, quando nós percebemos um enfraquecimento das ações. A partir daí, começaram a surgir denúncias de lideranças indígenas de que o garimpo estava retornando”, diz Marugal.
Os repórteres Ana Graziela Aguiar e Sigmar Gonçalves percorreram o território indígena a pé e de helicóptero, e viram avanços e desafios. A estrutura de saúde, por exemplo, foi ampliada e o número de médicos na região aumentou. Já a água, em muitos pontos, segue contaminada pelo garimpo. O que abre caminho para doenças e desnutrição.
“Agora tem equipamentos e medicamentos. Antes, não tinha nem medicamento para febre. Mas a situação ainda está ruim, principalmente os casos de malária”, alerta Junior Hekurari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana.
Outro problema é a aliança entre garimpo e narcotráfico, o chamado narcogarimpo. “A partir de 2015, as facções do Sudeste romperam e vieram disputar o Norte”, explica o professor Rodrigo Chagas, da Universidade Federal de Roraima. “Eles estão mais violentos agora. Os garimpeiros têm armamento, bebidas e drogas”, complementa o presidente da Associação Wanasseduume, Júlio Ye’kwana.
Como a questão é complexa, a necessidade de ações duradouras na região é consenso. “O presidente Lula determinou que a operação federal seja permanente em Roraima. O que o governo mais se preocupou é na transição de ação emergencial para estrutural. Tem que ser contínuo e permanente. Só assim a gente vai conseguir resolver anos e anos de violações de direitos”, defende a presidente da Funai, Joenia Wapichana.
O episódio Yanomami – 1 ano de emergência humanitária vai ao ar neste domingo (25/2) às 22h, na TV Brasil.
Ficha técnica
Reportagem: Ana Graziela Aguiar
Reportagem cinematográfica: Sigmar Gonçalves
Auxílio técnico: Alexandre Souza
Colaboração técnica: Thiago Souza
Produção: Maíra Heinen, Carina Dourado e Ana Graziela Aguiar
Edição de texto: Paulo Leite e Carina Dourado
Edição de imagem e finalização: André Eustáquio e Márcio Stuckert
Arte: Alex Sakata e Caroline Ramos
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