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30 dias da tragédia gaúcha 

Caminhos da Reportagem

No AR em 02/06/2024 - 21:30

Chuvas, enchentes, pessoas desalojadas, ruas e estradas alagadas, cidade debaixo d’água - há 1 mês, era decretado Estado de Calamidade Pública no Rio Grande Sul. A região mais meridional do Brasil sofre com a destruição causada pela pior enchente já registrada ali. Consequências das mudanças climáticas que já são uma realidade mais perto do que imaginávamos. O Caminhos da Reportagem acompanhou o dia a dia de quem perdeu tudo e também a solidariedade que uniu o país. 

O corretor de imóveis João Marcos Rosa, viveu momentos desesperadores em Eldorado do Sul, uma das cidades mais atingidas. “É muita água, subiu muito forte, ela passa e parece filme de terror”, conta. Ele e a família sobreviveram porque ficaram na laje da casa do vizinho, que tem 2 andares. Além dele, a esposa, os sogros, cunhados, 2 bebês e 7 cachorros conseguiram sobreviver e foram levados para abrigos em Porto Alegre. 

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João Marcos Rosa recebe atendimento após passar momentos de terror na enchente - Divulgação/TV Brasil

Também em Eldorado era possível ver filas de carros com pessoas dentro e mesmo famílias abrigadas em pontos de ônibus, com eletrodomésticos que conseguiram salvar. “A gente ficou a noite toda dentro d’água, sem comida e energia, hoje de novo não dá”, afirmou a aposentada Maria Machado Braga, que estava na parada de ônibus com a família da filha. 

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A lama é um dos problemas após a baixa da enchente - Divulgação/TV Brasil

Um intervalo de 83 anos separa as cheias de 2024 da pior enchente, até então, do Rio Grande Sul, a de 1941. As deste ano já superaram as do passado. “Ela é uma enchente com  recorrência de 300 anos. Nós estamos em 2024, não são 300 anos. Então, o que apertou, encurtou o tempo? Indubitavelmente, é o aquecimento global”, afirma o geólogo gaúcho Rualdo Menegat. 

Para um dos maiores especialistas de clima do país, o pesquisador Carlos Nobre, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), o aquecimento global tem tornado mais intensos fenômenos que sempre existiram. “O planeta mais quente tem muito mais umidade na atmosfera, muito mais evaporação de água dos oceanos, então ele faz com que esses fenômenos se tornem mais intensos”, explica. 

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Entulhos se amontoam nas ruas das cidades em que houve enchentes - Divulgação/TV Brasil

Tempo de dar as mãos 

A destruição causada pela água comoveu o país e resultou numa onda de ajudas e voluntariado para o Rio Grande do Sul. Até o fim de maio, segundo a Defesa Civil do estado, foram doados mais de 1,5 milhão de litros de água, 355 toneladas de alimentos, 115 mil cobertores e roupas de cama, 61 mil sacos de ração animal, entre outros itens, que foram encaminhados para 165 municípios atingidos. 

Caminhos da Reportagem - UM_DOS_ABRIGOS_QUE_ACOLHERAM_FAMILIAS_DESALOJADAS
Um dos abrigos que acolheram famílias desalojadas - Divulgação/TV Brasil

O empresário gaúcho Rafael Goelzer, dono da Quinta da Estância, uma propriedade rural, educativa e turística, tornou o local um ponto de entrega de água e doação de alimentos no município de Viamão. “Toda a região metropolitana estava sem abastecimento de água potável. A gente manteve 24 horas por dia ligados os geradores, para conseguir extrair  água mineral de poços artesianos profundos, para que a gente pudesse doar para essas famílias”, conta. Também foram distribuídas no local mais de 1500 marmitas, além de lanches comunitários. 

Caminhos da Reportagem - VOLUNTARIAS_CUIDAM_DE_ANIMAIS_RESGATADOS_EM_PORTO_ALEGRE
Voluntários cuidam de animais resgatados em Porto Alegre - Divulgação/TV Brasil

A Quinta da Estância ainda recebeu os animais apreendidos, que estavam no Centro Estadual de Triagem de Animais Silvestres, em Porto Alegre, e que foi alagado. “Nós recebemos animais vindos de uma evacuação de um prédio do Ibama alagado, totalmente às pressas”, afirma. 

Assim como em todo o estado, em Rio Grande, cidade ao sul da Lagoa dos Patos, abrigos foram criados para os desalojados. Um deles foi montado onde funcionava um supermercado. “Nós acolhemos 249 pessoas, que recebem o alojamento, alimentação, roupas, atendimentos em saúde para amenizar os impactos desse evento climático”, mostra Júlio César Silva, diretor da Cruz Vermelha da unidade Rio Grande. 

Ficha técnica 

Reportagem: Guilherme Portanova, Bárbara Pereira e Vladimir Platonov  
Roteiro: Carina Dourado e Paulo Leite 
Reportagem cinematográfica: Gilvan Alves, Rogério Simas e Rogerio Verçoza 
Apoio reportagem cinematográfica: JM Barboza (SP) 
Auxílio técnico: Edivan Viana 
Apoio auxílio técnico: Ivan Meira (SP) 
Produção: Cintia Vargas, Cleiton Freitas, Patrícia Araújo e Raquel Wunsch 
Apoio Produção: Ana Graziela Aguiar (SP) 
Edição de texto: Carina Dourado e Paulo Leite 
Edição de imagens e finalização: André Eustáquio 
Design: Caroline Ramos 
Videografismo: Alex Sakata 

 

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Criado em 28/05/2024 - 18:40

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