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Cinzas de fevereiro: 50 anos do incêndio do Edifício Joelma

Caminhos da Reportagem

No AR em 04/02/2024 - 22:00

Eram pouco mais de 8h30 do dia 1º de fevereiro de 1974, uma sexta-feira cinzenta em São Paulo, quando um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado do Edifício Joelma, no centro da capital, deu início àquela que foi, por décadas, a maior tragédia da cidade.

As chamas avançaram rapidamente por carpetes, forros de espuma e divisórias de madeira do 12º andar. Quando o fogo chegou às escadas, não encontrou barreiras: em poucos minutos bloqueou a única saída e começou a se espalhar prédio acima, atingindo o 23º andar em cerca de meia hora. Cerca de 750 pessoas estavam no prédio. Mais de 300 ficaram feridas, e pelo menos 181 morreram.

Joelma em chamas. Imagens feitas pela produtora Souza Lima rodaram o mundo.
Joelma em chamas. Imagens feitas pela produtora Souza Lima rodaram o mundo. Divulgação/ Produtora Souza Lima


Hiroshi Shimuta e Mauro Ligere eram colegas de trabalho na época, e foram resgatados do 22º andar, depois de se abrigarem das chamas e da fumaça por mais de cinco horas num beiral de janela. O espaço minúsculo foi dividido com outros cinco colegas.

Hiroshi Shimuta, sobrevivente do incêndio. “Nos seguramos uns nos outros para que ninguém pulasse”.
Hiroshi Shimuta, sobrevivente do incêndio. “Nos seguramos uns nos outros para que ninguém pulasse”. Divulgação/TV Brasil

“O cenário era simplesmente dramático, com aquele fogo subindo e as pessoas se jogando”, diz Shimuta, relembrando a espera pelo socorro: “Nós nos seguramos na estrutura de alumínio (da janela), e nos seguramos uns nas cintas dos outros, formando uma corrente ali. Se alguém tentasse pular, os outros não deixariam”. 

Mauro Ligere, sobrevivente do incêndio. Grupo esperou mais de cinco horas pelo resgate.
Mauro Ligere, sobrevivente do incêndio. Grupo esperou mais de cinco horas pelo resgate. Divulgação/TV Brasil

Ligere recorda: “O sujeito que estava em cima de mim estava se queimando. Ele se segurava no meu ombro e eu via os ossos dos dedos da mão dele. Estava em bolhas”.

Simão, Boanerges, Franclin e Roberto são bombeiros e participaram do resgate. Simão foi quem resgatou Mauro, depois de subir, andar por andar, pela fachada do Joelma, com a ajuda de uma escada de mão.

Veteranos do Corpo de Bombeiros de São Paulo. “O fogo não foi controlado, ele consumiu o prédio”.
Veteranos do Corpo de Bombeiros de São Paulo. “O fogo não foi controlado, ele consumiu o prédio”., por Divulgação/TV Brasil


A tragédia provocou mudanças na legislação e na fiscalização dos prédios. Portas corta-fogo passaram a fazer parte das exigências para novos projetos, e fizeram arquitetos e engenheiros se atentarem, também, para aspectos da segurança.

O repórter Milton Parron narrou, ao vivo, o drama das vítimas e o trabalho dos bombeiros
O repórter Milton Parron narrou, ao vivo, o drama das vítimas e o trabalho dos bombeiros, por Divulgação/TV Brasil

Também é difícil falar do que o incêndio do Joelma representa para a cidade de São Paulo sem citar as histórias de ordem espiritual ou de fatos sobrenaturais. As “treze almas do Joelma” são a história mais conhecida: 13 dos mortos até hoje não foram identificados, estão sepultadas lado a lado no cemitério de Vila Alpina, na zona leste de São Paulo. O local ainda hoje recebe pessoas em busca de graças dessas vítimas anônimas.

Adriano Dolph, autor de “Fevereiro em chamas”: “A cobertura do Joelma era muito pequena para o pouso de helicópteros”.
Adriano Dolph, autor de “Fevereiro em chamas”: “A cobertura do Joelma era muito pequena para o pouso de helicópteros”., por Divulgação/TV Brasil

O programa também traz entrevistas com o repórter Milton Parron, principal nome da cobertura jornalística do incêndio, e com o jornalista Adriano Dolph, autor do livro “Fevereiro em chamas”, sobre os mais famosos incêndios paulistanos. 

O Caminhos da Reportagem que a TV Brasil exibe neste domingo, 4 de fevereiro, às 22h, é dedicado às vítimas da tragédia do Joelma. 

Ficha técnica

Reportagem: Thiago Padovan
Produção: Elaine Cruz, Maura Martins e Thiago Padovan
Apoio à produção: Acácio Barros e Lucas Cruz
Reportagem cinematográfica: Décio Ciappini Jr., Gilmar Vaz, Jefferson Pastori, JM Barboza, Raul Cordeiro e William Sales
Auxílio técnico: Eduardo Domingues, Ivan Meira, Rafael Carvalho e Wladimir Ortega
Edição de texto: Leonardo Zanon Catto
Edição e finalização de imagem: Maikon Matuyama
Tema musical do programa: Ricardo Vilas

Sobre o programa

Produção jornalística semanal da TV Brasil, o Caminhos da Reportagem leva o telespectador para uma viagem pelo país e pelo mundo atrás de grandes histórias, com uma visão diferente, instigante e complexa de cada um dos assuntos escolhidos.

No ar há mais de uma década, o Caminhos da Reportagem é uma das atrações jornalísticas mais premiadas não só do canal, como também da televisão brasileira. Para contar grandes histórias, os profissionais investigam assuntos variados e revelam os aspectos mais relevantes de cada pauta.

Saúde, economia, comportamento, educação, meio ambiente, segurança, prestação de serviços, cultura e outros tantos temas são abordados de maneira única, levando conteúdo de interesse para a sociedade pela telinha da emissora pública.

Questões atuais e polêmicas são tratadas com profundidade e seriedade pela equipe de profissionais do canal. O trabalho minucioso e bem executado é reconhecido com diversas premiações relevantes no meio jornalístico.

Exibido aos domingos, às 22h, o Caminhos da Reportagem disponibiliza as matérias especiais no site http://tvbrasil.ebc.com.br/caminhosdareportagem e no YouTube da emissora pública em https://www.youtube.com/tvbrasil. As edições anteriores também estão no aplicativo TV Brasil Play, disponível nas versões Android e iOS, e no site https://tvbrasilplay.com.br/.

Clique aqui para saber como sintonizar a programação da TV Brasil.

Criado em 30/01/2024 - 18:35

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