Digite sua busca e aperte enter

Compartilhar:

8 de janeiro - a Democracia de pé

Caminhos da Reportagem

No AR em 12/02/2023 - 22:00

O 8 de janeiro de 2023 entrou para história do país: um dia em que ataques aos três poderes da República tentaram abalar a democracia. Prédios foram invadidos e depredados, cenas de ódio e comemoração de eleitores que não aceitavam o resultado das urnas. Um mês depois dessas cenas, o Caminhos da Reportagem ouviu histórias de quem presenciou aquele dia . O programa faz uma análise dos fatos que culminaram numa tentativa frustrada de abalar a democracia do país e do que aprendemos após essas ameaças.

Atos de vandalismo foram cometidos em prédios públicos da Praça dos Três poderes por manifestantes golpistas
Atos de vandalismo foram cometidos em prédios públicos da Praça dos Três poderes por manifestantes golpistas - Reprodução/TV Brasil

Renato Alves, do Jornal O Tempo, foi um dos 16 profissionais de imprensa que sofreram agressões no dia. Ao fugir dos agressores e pedir ajuda, ele viu de perto a conivência da Polícia Militar do Distrito Federal. Naquela noite, Ricardo Cappelli assumiu como interventor na segurança pública do DF. Em relatório divulgado por ele e sua equipe, a constatação: houve erro e tolerância da PM, numa sequência de fatos que culminaram no vandalismo. “Coincidências? Não me parece”, questiona Cappeli.

Fatos que não se restringem apenas ao dia 8. Desde a vitória do presidente Lula nas urnas, sucessivos acontecimentos que não foram reprimidos formaram o cenário ideal para o que houve: bloqueio de estradas, ônibus queimados, uma bomba na área do aeroporto da capital do país e, principalmente, os acampamentos em frente aos quartéis do Exército por todo o Brasil.

Palácio do Planalto foi um dos prédios depredados pelos manifestantes bolsonaristas
Palácio do Planalto foi um dos prédios depredados pelos manifestantes bolsonaristas - Reprodução/TV Brasil

Para o ministro da Justiça, Flávio Dino, a existência dos chamados QGs foi decisiva para gerar diversos eventos violentos em Brasília que culminaram nos atos antidemocráticos. “Infelizmente, os fatos do dia 8 mostram que esse acampamento acabou funcionando como uma espécie de hub, em que esses extremistas se encontravam, planejavam e executavam ações”, afirma.

Ministro Flávio Dino diz que a existência dos QGs foi decisiva para gerar diversos eventos violentos
Ministro Flávio Dino diz que a existência dos QGs foi decisiva para gerar diversos eventos violentos , por Reprodução/TV Brasil

Com a intervenção decretada pelo Executivo e o governador do DF, Ibaneis Rocha, afastado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), as prisões dos suspeitos começaram a ocorrer ainda na noite do dia 8. Quase 1200 pessoas foram detidas. Entre eles, um casal que era dono de um lar temporário para cães resgatados. Não apenas os animais que estavam na custódia deles ficaram abandonados, como também os quatro filhos.

O Caminhos da Reportagem ouviu especialistas para saber o que leva as pessoas a irem tão longe em algo que acreditam sem questionar, como teorias da conspiração sobre urnas e processos democráticos. Para o psicanalista Christian Dunker, a forma de agir desse grupo lembra seguidores de seitas messiânicas, que aguardam o fim do mundo que nunca acontece. “A gente tem aí perigos de alta agressividade, de uma agressividade errática como a gente viu nas manifestações”, analisa.

Para o professor e pesquisador da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), João Cezar de Castro Rocha, que tem acompanhado grupos bolsonaristas há anos, a desinformação promovida por grupos interessados no poder é um ponto central. "O encadeamento de fake news produz teorias conspiratórias das mais delirantes. E há muitas pessoas ganhando dinheiro com a radicalização do discurso político, porque a radicalização é o que produz like.

Ficha técnica

Reportagem: Gracielly Bittencourt e Flavia Peixoto
Reportagem cinematográfica: Sigmar Gonçalves, Rogério Verçoza, André Rodrigo Pacheco.
Apoio reportagem cinematográfica: Eduardo Viné (SP), João Marcos Barboza (SP) e Marcelo Padovan (RJ)
Auxílio técnico: Alexandre Souza, Thiago Souza, Dailton Matos, Raimundo Nunes
Apoio auxílio técnico: Rafael Carvalho (SP) e Wladimir Ortega (SP)
Produção: Ana Graziela Aguiar, Carina Dourado, Tiago Bittencourt, Claiton Freitas, Gracielly Bittencourt, Flavia Peixoto e Gabriella Castro (estagiária)
Apoio produção: Deise Machado (SP), Julia Ballarini (SP) e Nanna Pôssa (RJ)
Edição: Amanda Ciengliski, Carina Dourado e Paulo Leite
Edição de imagens e finalização: Jerson Portela e André Eustáquio
Arte: Júlia Costa e Daniel Hiroshi

Clique aqui para saber como sintonizar a programação da TV Brasil.

Criado em 08/02/2023 - 13:45

Últimas

O que vem por aí