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Burnout: a síndrome do excesso de trabalho

Caminhos da Reportagem

No AR em 24/10/2021 - 20:00

Uma síndrome específica do mundo do trabalho, que é resultado de níveis devastadores de estresse. É a Síndrome de Burnout. O termo, traduzido do inglês, significa queimar completamente. O Caminhos da Reportagem desta semana vai mostrar como o excesso de trabalho leva ao burnout, os sintomas e tratamentos da síndrome e exemplos de quem passou por isso e mudou de vida. 

Caminhos da Reportagem - Burnout a síndrome do excesso de trabalho_ burnout passa a fazer parte da CID
O termo burnout, traduzido do inglês, significa queima total - Divulgação/TVBrasil

A palavra burnout surgiu, pela primeira vez, em 1974 e, desde então, atinge cada vez mais pessoas. 32% dos brasileiros sofrem com a síndrome. O país só perde para o Japão, onde 70% da população sente os efeitos do esgotamento profissional.  

Caminhos da Reportagem - Burnout a síndrome do excesso de trabalho Burnout é a síndrome do esgotamento profissional
Burnout é a síndrome do esgotamento profissional - Divulgação/TV Brasil

O psicanalista e professor da USP, Christian Dunker, explica que o Burnout não acontece porque você passou um fim de semana sem dormir para entregar um projeto. “A hora que você passa meses, a hora que você entra em anos fazendo isso, você começa a se arriscar a fazer uma espécie de pane geral”, diz ele.

Caminhos da Reportagem - Burnout a síndrome do excesso de trabalho Duly Mittelstedt
A pianista Duly Mittelstedt precisou parar e mudar de vida para se recuperar - Divulgação/TV Brasil

Foi o que aconteceu com Duly Mittelstedt. Trabalhando sem parar como pianista e professora de piano, Duly diz que um dia o cérebro dela cansou de decodificar sons. Ela não conseguia ouvir nada. Precisou parar, fez musicoterapia e mudou o ritmo de vida para se recuperar.

A jornalista Izabella Camargo corria contra o tempo para dar conta de todas as funções. Descobriu que estava com burnout depois de passar por 5 especialistas para tratar de 25 sintomas. Quando voltou da licença médica, foi demitida. Hoje ela dá palestras de prevenção ao estresse no trabalho e tem uma vida mais equilibrada.

Caminhos da Reportagem - Burnout a síndrome do excesso de trabalho Izabella Camargo
A jornalista Izabella Camargo passou por 5 especialistas para tratar de 25 sintomas, antes de descobrir o burnout - Divulgação/TV Brasil

Em 2022, por determinação da Organização Mundial da Saúde, o Burnout passa a fazer parte da nova Classificação Internacional de Doenças. O que, de acordo com Ana Maria Rossi, psicóloga e presidente do ISMA Brasil, trará muitos benefícios. “Em primeiro lugar, para o empregado, para o trabalhador, que poderá subsidiar essa queixa de burnout, que hoje em dia ainda é muito superficial, ela não tem um embasamento legal”, explica Ana Maria.

A pandemia aumentou o número de pessoas no limite do estresse. Um levantamento do portal de saúde Pebmed mostrou que 83% dos médicos da linha de frente sofreram de burnout. O teletrabalho também piorou a situação de outros trabalhadores. As vidas pessoal e profissional acabaram se fundindo, o que levou muitas pessoas a fazerem jornadas mais extensas. Segundo a coordenadora nacional de Promoção da Igualdade, do Ministério Público do Trabalho, Adriane Reis, essa nova realidade atingiu ainda mais as mulheres. “Como no Brasil nós temos uma sociedade patriarcal em que a mulher ainda é vista como a responsável pelos cuidados familiares e, nesse momento pandêmico, houve fechamento de escolas, ficou muito mais complicado para as mulheres conseguirem compatibilizar a jornada profissional e a jornada familiar.”, ressalta.

O diagnóstico da síndrome ainda é um desafio, já que muitos sintomas são similares aos da ansiedade e da depressão. Medicamentos para as duas doenças são, inclusive, usados no tratamento. Mas pesquisadores avaliam o efeito do canabidiol para os casos de burnout.

Caminhos da Reportagem - Burnout a síndrome do excesso de trabalho _mudanças de hábitos ajudam no tratamento
Mudanças de hábitos, ioga e meditação ajudam no tratamento - Divulgação/TV Brasil

Quem já passou por isso diz que medicamentos e terapias não são suficientes sozinhos.  “Não adianta você tomar remédio, fazer terapia e continuar no ambiente estressor. Ou não adianta o ambiente mudar e você continuar com comportamentos nocivos para a sua saúde. Não tem problema nenhum você vestir a camisa da sua empresa, desde que você também vista o seu pijama, desde que você também vista uma roupa para fazer uma atividade física, desde que você também vista para uma atividade de lazer.”, resume Izabella Camargo.

Ficha técnica

Reportagem: Flavia Peixoto
Produção: Claiton Freitas, Flavia Peixoto e Pollyane Marques
Apoio à produção: Julia Ballarini, Natalia Neves, Pablo Mundim
Imagens: André Pacheco
Apoio às imagens: Alexandre Nascimento, João Marcos Barboza, Sandro Tebaldi e Sigmar Gonçalves
Auxiliares técnicos: Alexandre Souza e Rafael Calado
Apoio ao auxílio técnico: Cláudio Tavares, Dailton Matos e Rafael Carvalho
Edição de texto: Patricia Maia
Edição de imagens: Jerson Portela
Arte: Pâmela Lopes
 

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Criado em 20/10/2021 - 15:35

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