Ela é considerada a maior floresta urbana plantada do mundo. Um modelo emblemático de reflorestamento, empreendido pelo imperador de Dom Pedro II com o objetivo principal de solucionar a crise hídrica do Rio. A Floresta da Tijuca encantou os naturalistas estrangeiros do século 19 e encanta até hoje os visitantes. Um local que também atrai pesquisadores que buscam conhecer um pouco mais sobre essa floresta, reduto da Mata Atlântica, bem no coração do Rio.
A Floresta da Tijuca faz parte do Parque Nacional da Tijuca, uma unidade de conservação brasileira de proteção integral da natureza. Caminhar por essas matas é também seguir a trilha de uma história de devastação e reconstrução da natureza. No século 19, suas árvores foram derrubadas para dar lugar, principalmente, a plantações de café.
A tese de doutorado do professor Gabriel Sales do Departamento de Biologia da PUC traz revelações sobre o processo de restauração da floresta. Ao longo de 33 anos, entre 1862 e 1894, pelo menos 155 mil mudas foram plantadas, das quais 110 mil se estabeleceram, ou seja, cerca de 70%.
Os números foram levantados por Gabriel Sales a partir da análise de documentos históricos e das tabelas dos plantios. “Foram utilizadas pelo menos 107 espécies, onde priorizou-se as nativas, algo em torno de 92%”, detalhou Sales. A pesquisa também mapeou “documentos vivos” da Floresta da Tijuca: sete árvores centenárias, que estão em locais relatados em documentos e tiveram as idades comprovadas em laboratório.
A qualidade do ar nos pontos mais frequentados da floresta foi o foco de estudo do grupo de pesquisa da professora do Instituto de Química da UFRJ Graciela Arbilla e do químico Cleyton Martins da Silva, professor da Universidade Veiga de Almeida. A pesquisa mediu as concentrações de hidrocarbonetos, compostos orgânicos que são precursores de ozônio e de material particulado fino, os dois principais poluentes prejudiciais à saúde humana.
“Nós descobrimos que as concentrações desses compostos são até sete vezes menores aqui na floresta na comparação com o bairro de Del Castilho e de 4 a 5 vezes menores que na Tijuca, que é um bairro que fica do lado da Floresta da Tijuca e já tem essa proteção do cinturão verde, contou Graciela Arbilla.
A ONG Refauna, que promove a reintrodução de espécies de animais na Mata Atlântica, atua na Floresta da Tijuca desde 2010. Nesse período, eles já reintroduziram três espécies de animais na floresta: a cotia, o macaco bugio e o jabuti-tinga, este último era considerado extinto no local há pelo menos 200 anos.
“A ideia da refaunação é restaurar os ecossistemas através da reintrodução de espécies. Mas não só a espécie em si voltar, mas também o que ela fazia dentro desse ecossistema”, explicou o diretor-executivo da ONG Refauna, Marcelo Rheingantz. “Agora, em 2023, a gente pretende começar a introdução das araras”, contou o biólogo.
Ficha técnica
Reportagem: Aline Beckstein
Roteiro: Aline Beckstein e Ana Passos
Reportagem cinematográfica: João Victal, Rodolpho Rodrigues e Sandro Tebaldi
Produção: Aline Beckstein e Ana Passos
Apoio à produção: Thais Chaves e Rafael Mesquita
Edição de Texto: Aline Beckstein
Edição de imagens e finalização: Eric Gusmão e Ubirajara Abreu
Auxílio técnico: Cláudio Tavares
Operador de áudio: André Valente
Gerente de reportagem RJ: Bárbara Pereira
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