O culto ao corpo faz do Brasil o país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo. Em relação a procedimentos estéticos, como o botox, nós somos medalha de prata. Apenas os Estados Unidos estão na nossa frente. E para fechar o pódio, o brasileiro é bronze quando o assunto é tempo gasto nas redes sociais. O levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Comscore, empresa de análise de mídia, mostra também que plásticas, procedimentos e redes sociais têm se misturado cada vez mais e provocam, muitas vezes, resultados trágicos. E este episódio do Caminhos da Reportagem discute os limites das mudanças corporais e analisa riscos e exageros.
Aos 29 anos, o analista financeiro Jhonnattas Santos já acumula uma série de procedimentos: de bichectomia à lipo de papada e de transplante capilar ao botox. Mas não está satisfeito. “Tem bastante coisa que eu ainda preciso fazer, né? O nariz, corrigir os olhos e levantar as sobrancelhas”, enumera Jhonnattas.
Só que essa busca incansável por modificações não é saudável, explica a psicóloga Claudia Patrícia de Souza. “Uma cirurgia plástica mal sucedida traz consequências gravíssimas para a saúde emocional das pessoas”, alerta.
A retirada das próteses de silicone é outra discussão do programa. Apesar de o implante ser uma das plásticas mais procuradas pelas brasileiras, o explante cresceu. “O silicone tem metais pesados. Pela cápsula, pode sair alguma coisa e pode entrar também. E quando sai algo como alumínio, por exemplo, ele pode impregnar em algum lugar do corpo e causar uma doença”, explica o cirurgião plástico Juldásio Galdino Júnior.
A empresária Yulla Guimarães Nickles teve próteses por 23 anos, mas após um longo período sofrendo com dores e doenças, decidiu retirar o silicone. “Eu cheguei a andar de muleta e pensava que ia andar de cadeira de rodas”, lembra ela.
Há casos em que plásticas mal feitas provocam morte, por sinal. A advogada Elieni Prado, de 56 anos, faleceu após realizar uma lipoaspiração e uma abdominoplastia, no ano passado. Procurado pela TV Brasil, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios pediu celeridade à delegacia onde o caso Elieni tramita e ao Instituto Médico Legal. Afinal, o inquérito ficou parado por mais de 200 dias.
Ao mesmo tempo, o filho de Elieni cobra a solução do caso. “A gente espera o mínimo da Justiça, e eu tenho fé que isso vai dar certo, que a gente vai ter uma resposta. É difícil. Tem um ano que eu perdi minha mãe e até hoje eu não acredito”, desabafa.
Ficha técnica
Reportagem: Flavia Peixoto
Reportagem cinematográfica: André Rodrigo Pacheco e Sigmar Gonçalves
Apoio à reportagem cinematográfica: Rogerio Verçoza, Osvaldo Alves, Gabriel Penchel e JM Barboza
Auxílio técnico: Alexandre Souza e Rafael Calado
Colaboração técnica: Dailton Matos, Marcelo Vasconcelos, Jairom Rio Branco, Yuri Freire e Ivan Meira
Produção: Claiton Freitas e Paulo Leite
Apoio à produção: Aline Beckstein e Sarah Quines
Edição de texto: Paulo Leite
Edição de imagem e finalização: André Eustáquio
Arte: Alex Sakata e Caroline Ramos
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