Na semana que antecede as comemorações do Dia do Índio, o Impressões fala da autonomia indígena por meio de iniciativas que buscam a geração de renda para comunidades e a garantia da dignidade desta população. Neste programa, entrevistamos o proprietário rural Omar Taleb.
Radicado há mais de 20 anos em uma região marcada por conflitos de terra e onde está concentrada uma das maiores populações indígenas do país – Mato Grosso do Sul, com mais de 70 mil índios, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – o produtor decidiu trilhar um caminho diferente do de outros fazendeiros e trabalhar junto com os índios.
“Existe uma diferença imensa em termos de oportunidade, crescimento e usufruto da terra e dos recursos no entorno, e a minha ideia seria tentar equilibrar isso, até para compensar a omissão do Estado que impera ali”, revelou.
Na conversa com a jornalista Katiuscia Neri, Taleb relembra os primeiros contatos com os povos da aldeia Lima Campo, a comunidade indígena Jatayvary. Ele levou aos líderes a proposta de cultivar erva mate, como o primeiro passo de uma parceria capaz de retomar plantações para o consumo próprio – como a do tradicional milho guarani – e também para a venda, como uma forma de gerar renda. “Nossa ideia era promover um impulso, para que [com o tempo] essa assistência se torne cada vez menos necessária”, explicou.
Para o proprietário de mais de 10 mil hectares na região, qualquer processo de regularização de terras e auxílio à produção destes povos precisa ter como princípio o respeito às necessidades indígenas. “A ideia é promover o desenvolvimento, mas da maneira como eles {índios] preconizam. Atender demandas mais básicas para que essa roda gire de acordo com os valores e lógica deles”, defendeu.
Ele relata também que a fertilidade da terra está exaurida e por isso há necessidade de auxílio técnico.
Atualmente, na aldeia, as condições de vida são precárias, avalia o produtor. A comunidade precisa garantir atendimento em saúde e reabrir uma escola. Há mais de dez anos, um vendaval destruiu a unidade que atendia 150 crianças e até hoje, apesar de esforços, não há perspectivas sobre o início das aulas. A unidade foi reconstruída pela própria comunidade Jatayvary, com apoios importantes, por meio de uma vaquinha virtual.
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