Nos anos 1990, a música havia chegado ao máximo do profano. Não bastassem Daniela Mercury, Margareth Menezes e a Banda Eva de Ivete Sangalo plugarem vozes e danças aos decibéis dos trios elétricos, Paul Simon e depois Michael Jackson sublimaram a potência do Olodum.
Nunca a Bahia estivera tão ruidosa. Será que haviam se esquecido da máxima de Caymmi, que a Bahia tem “Trezentas e sessenta e cinco igrejas”? Faltava sacralidade na música baiana. Um minuto de silêncio. Foi quando surgiu em cena uma cantora de nome simples, Virgínia Rodrigues, que transformou o palco em púlpito.
Ela era o contraponto à Axé-Music. Os custos, por estar tão fora do contexto, obviamente, são altos. Sua voz não toca nas rádios brasileiras; ela não vai a quadros de intimidades, nem se apresenta nos programas de televisão dominicais. Mas está, regularmente, na ponte aérea Bahia-Europa-Estados Unidos. Construiu uma carreira internacional consistente e é tratada como Diva no exterior. Com dezesseis anos de carreira, Virgínia Rodrigues continua encantando com os cantos que herdou dos terreiros e dos ofícios da Igreja Católica.
O que aproxima Virgínia Rodrigues e Oscar da Penha, o Batatinha, mais do que a herança baiana, é que cantam suas verdades. Da infância pobre no Pelourinho ao título de “Diplomata do samba baiano”, Batatinha teve a carreira ligada ao rádio, onde percebeu ser possível investir na carreira de compositor e cantor.
Comparado ao carioca Nelson Cavaquinho, pela melancolia dos versos, Batatinha, que compunha batucando numa caixa de fósforos, é autor de “Diplomacia”, canção marcada pelos versos: “Meu desespero ninguém vê / Sou diplomado em matéria de sofrer...”.
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