O Espaço Público desta terça-feira, 17/11, às 23h, recebe o o rapper Flávio de Abreu Lourenço, mais conhecido como Flávio Renegado.
Músico profissional desde 2008, ele colocou-se no centro de uma polêmica após uma apresentação no programa Criança Esperança, na TV Globo, em que falava de violência policial, de miséria, mas também de racismo na atual situação política brasileira.
Renegado obteve o primeiro sucesso em 2008, quando gravou "Do Oiapoque a Nova York", chegando a fazer uma turnê internacional pela Europa e Oceania, encerrada com um show no Central Park, em Nova York. Numa entrevista sobre "Relatos de um conflito particular", seu último EP, ele falou das mudanças ocorridas em sua vida: "A população negra é 52% da população do Brasil e ainda continua marginalizada, continua no gueto. Quando a gente começa a ter acesso a lugares de conhecimento, lugares que possibilitam equilíbrio – a universidade, um cargo mais legal dentro de uma empresa – a sociedade não recebe isso bem, recebe ainda com desigualdade. A grande mensagem desse disco é isso: vamos buscar esse equilíbrio? Acho que é por aí."
O programa ainda vai falar sobre a crítica social e o debate que são uma tradição do rap, movimento musical de protesto nascido nas ruas dos bairros negros dos Estados Unidos no final do século passado. Conhecido pela linguagem dura, pela denúncia sem meias palavras, pela crítica agressiva contra uma polícia com um histórico de crimes racistas, o rap norte-americano logo foi adotado pela juventude negra do Brasil.
Cantado por vários conjuntos importantes, entre os quais se destacaram os Racionais MC, o movimento ajudou a contestar a noção de que os brasileiros vivem sob um regime chamado de democracia racial, contribuindo para compor o retratorealista de um país onde a desigualdade está a vista de todos. Entre os brasileiros que vivem em situação de pobreza extrema, 70% são negros, dizem as estatísticas do Ministério do Desenvolvimento Social. O salário de um trabalhador negro, com a mesma formação, é 28% inferior ao de um assalariado um branco. As chances de um jovem negro ser assassinado em conflitos com a polícia brasileira é seis vezes maior do que se fosse um jovem branco.
O Espaço Público é apresentado pelos jornalistas Paulo Moreira Leite e Florestan Fernandes Júnior.
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